18.4.06

Profilaxia do VIH

Leram a revista Única, suplemento do jornal Expresso de 14 de Abril? Não? Pois está lá um artigo importante.
Este artigo chama-se A vacina do dia seguinte e informa-nos sobre Profilaxia Pós-Exposição Não Ocupacional (PPENO) ao VIH.
De facto, este tratamento funciona mais ou menos como a pílula do dia seguinte.
"(...) "a Profilaxia existe mesmo" e pode evitar que alguém se torne seropositivo, após uma situação de eventual exposição ao risco de contágio. Só que o prazo limite para a iniciar é curto: até 72 horas após relações sexuais desprotegidas, com ruptura ou deslizamento de preservativo, ou em caso de partilha de material injectável (caso do consumo de droga). A medicação é semelhante à terapêutica anti-retroviral que se prescreve a uma pessoa infectada pelo VIH e toma-se durante 28 dias. Apesar dos efeitos secundários possíveis - perturbações de funcionamento do fígado ou rins, náuseas, vómitos, sensação estranha na cabeça, dificuldade em dormir, anemia, alergias ou hepatite tóxica, que pode ser mortal -, tem um grau de eficácia estimado pela comunidade científica internacional entre os 80 e os 90 % (...)".
Pois.
Mas não estranhem se ainda não conheciam a PPENO. A maioria dos médicos também não a conhece embora seja prescrita em Portugal desde 1998.
A comunidade científica divide-se no que toca à utilização deste tratamento, discordando fundamentalmente em pontos como as situações de risco que deverão ser consideradas. De facto, a PPENO não é a pílula do dia seguinte, sendo necessária uma avaliação exaustiva e acompanhamento eficaz na prescrição dos medicamentos. Por exemplo, a maioria dos médicos apenas aconselha o tratamento se a exposição ao vírus for indúbia. Assim, no caso de uma relação sexual desprotegida em que não exista a certeza que o parceiro está infectado, muitos médicos não indicam PPENO. Além disto, este tratamento está disponível apenas em hospitais com serviços de doenças infecciosas.
Num aspecto todos os médicos (e penso, ou espero, todos nós) são unânimes. A PPENO não pode substituir a prevenção primária. Nem todas as relações sexuais têm indicação para PPENO. E mesmo em caso de agressão sexual tem que se esperar que o médico seja informado e sensível à questão, já que muitas vezes este tratamento nem sequer é mencionado à vítima. Aliás, nem sequer existe qualquer deliberação do Estado para estes casos, tal como não há plano de informação e formação sobre PPENO ou regulamentação e concertação entre os diversos estabelecimentos de saúde e organismos estatais ligados à questão. Não há um protocolo que oriente as equipas médicas para a prescrição da PPENO.
De referir ainda que "(...) médicos, enfermeiros, auxiliares, bombeiros e outros profissionais de saúde fazem desde há 10 anos a Profilaxia, em situações de acidente laboratorial. O princípio clínico é semelhante, mas variam o nome (PPE Ocupacional), o consenso à roda da prescrição e as situações de exposição ao risco (por exemplo, picada com agulha contaminada ou contacto com as mucosas de líquidos contendo sangue)."

2 comentários:

nezz disse...

ALPATEC
Sra Dona Teresa, a língua Portuguesa é deveras complicada. uma pequena correcção: mucosas em vez de mecosas. não queiramos confundir com algo parecido com o Meco

Teresa disse...

Sr Nezz: Agradeço o reparo. Já está corrigido.

zebago: não tem saída porque é desanconselhado o tratamento pela sua violência. Só é aplicado em casos muitos específicos. Os medicamentos nem sequer se vendem nas farmácias. Daí a necessidade de recorrer um hospital e não ao médico de família. Mas não deixa de existir o tratamento, para aqueles casos em que alguma coisa corre mal com o preservativo.E mais ainda, não te esqueças que convives com seropositivos todos os dias. O risco de contágio é nulo num contacto social usual. Mas sabes lá se qq dia não acontece qq coisa que te expõe ao vírus... (não em termos sexuais, é claro). Sei lá, pode acontecer...